Dois novos livros este ano

“O Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova vai lançar mais dois cadernos este ano, um dedicado à giesta e outro ao Feiticeiro do Norte. Antes, já hoje, inaugura ‘Os carros de cesto da Choupana – Caminho do Meio (Via Monárquica e Republicana)’, a nova exposição temporária para ver no Centro Cívico de Santa Maria Maior, a partir das 11 horas. Se conseguir apoio da Junta de Freguesia da Boa Nova, deste tema vai nascer também um livro para a mesma coleção ‘O Trilho’, do  Núcleo Museológico de Arte Popular.

Não havia só carros de cesto no Monte, havia também na Choupana e é para colocar alguma luz nesta parte das História que Danilo Fernandes, presidente da direcção do Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova, investigou e agora promove uma exposição documental e com fotografia. “Era a ambulância, antigamente”, conta. “Era a rede, nas veredas e caminhos pedonais, e nos caminhos mais íngremes do concelho do Funchal tinha os carros de cesto”.

O percurso dos carros de cesto do Monte é o mais conhecido, mas havia outros caminhos por onde os madeirenses desciam para chegar à cidade, entre eles o Caminho do Meio, aqui recordado. O Largo da Choupana era o ponto de partida. “As pessoas vinham do Norte da ilha, de Santana, vinham em redes, ou chegavam pelo lado do Curral dos Romeiros, do Monte, ou da Camacha, através do Vale Paraíso, e trocavam as redes pelo carro de cesto”, conta Danilo Fernandes. Não desciam de rede, explica, porque o Caminho do Meio era mais íngreme do que o Caminho do Comboio. Até tinham o apelido ‘os foguetes’, porque é muito inclinado.

O destino era o centro do Funchal. Partiam do Largo, percorriam o Caminho do Meio e desciam até ao Campo da Barca, conta o director do Grupo de Folclore. Esta viagem fez o rei D. Carlos I quando esteve na Madeira em 1901, e outras personalidades que passaram pela ilha.

A exposição foi apoiada pela Junta de Freguesia de Santa Maria Maior pela Direcção Regional de Cultura. Conseguir o carro foi o mais complicado, confessou, tiveram de mandar construir para colocar em exposição juntamente com os painéis informativos e com imagens da época.

Se o Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova conseguir o apoio, vai aprofundar esta investigação e editar um caderno sobre Os carros de cesto da Choupana. Garantido estão já outros dois, os número 5 e 6 da colecção inaugurada com o caderno nº1, ’50 Anos do Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova (1965)’. ‘A giesta e os seus artefactos’ será lançado no dia 30 de Setembro, é o caderno número 5. No dia 14 de Outubro pretendem publicar um outro com história de vida de Manuel Gonçalves, o Feiticeiro do Norte, “homem de sucesso nos cadernos de cordel. Eu vou comprovar isso com factos”, dis Danilo Fernandes, referindo que o autor não teve uma vida nada fácil. “Ele era a enciclopédia da altura e as novidades eram com ele”.

Sobre a escolha da giesta, justifica que é uma exportação mais antiga que o bordado e uma arte extinta. “No século XVI já havia exportação dos artefactos de giesta”. A giesta é branca, era usada essencialmente para fazer cestos, bandejas e outros utensílios, assim como também brinquedos, contou.

Os livros, assim como a exposição são uma forma do grupo se associar às comemorações dos 600 anos. Na mesma colecção editaram o caderno n.º2 ‘Luís da Paixão Fernandes (1915-1982)’, sobre o fundador; o caderno n.º3 ‘A Fundação INATEL e a sua Grande Importância da Cultura Popular na Região Autónoma da Madeira’ e o caderno n.º4 ‘Eleutério Gonçalves Martins de Nóbrega – Uma Enciclopédia Viva – Mouriscas com História’.”

(“Diário de Notícias, 15/05/2019, p. 30, texto de Paula Henriques”)

 

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