Aspetos Curiosos da “Roda-viva” da Fundação:

Boa Nova é o nome de um sítio da freguesia de São Gonçalo, onde se encontra a Capela de Nossa Senhora da Boa Nova, localizada na Quinta da Boa Nova (edificada em 1701), local onde nasceu o principal cofundador da nossa Instituição: Luís da Paixão Fernandes, discípulo de uma família aficionada pela música bucólica. Foi, portanto, esta povoação, a génese da nossa Associação, que os nossos instituidores quiseram perpetuar com a sua denominação.

A nossa origem remonta ao ano de 1964. Era um dos quatro agrupamentos pertencentes ao Grupo Folclórico e Cultural do Concelho do Funchal «Carlos Santos», fundado a 6 de Fevereiro de 1958 (artisticamente conhecido como Grupo Folclórico do Livramento, sedeado na paróquia do Livramento, freguesia do Monte), nomeadamente: o Infantil, o Juvenil e dois Adultos – Os Serranos e os Vilões (este último constituído por componentes das freguesias de São Gonçalo, de Santa Maria Maior e um de Santo António). Os ensaios eram feitos no terreiro de uma habitação, no caminho do Terço, n.o 10, sítio das Murteiras, freguesia de Santa Maria Maior, sendo, a grande maioria dos artistas, operários de uma oficina de Obra em Verga de Vime, de um dos cofundadores da Associação: Luís da Paixão Fernandes.

Devido ao litígio entre o Presidente da Instituição, o saudoso Rev.o Carlos Jorge de Faria e Castro e o seu ensaiador, Luís da Paixão Fernandes, proporcionou-se o surgimento desta cinquentenária Instituição.

Embora o referido grupo, “Os Vilões”, ainda que fazendo parte da referida Instituição, já andava na forja a criação da nossa Associação, pois um dos seus cofundadores, Manuel Ferreira Pio, já tinha composto a letra da marcha do grupo, em 5 de Maio de 1964 (Eco do Funchal, 20-09-1965, 4) e cuja melodia foi escrita pelo nosso principal cofundador: Luís da Paixão Fernandes.

O fundo monetário partiu de um empréstimo financeiro do empresário o José Pereira Reis (1911-1980), natural da freguesia de São Gonçalo (o qual foi homenageado pela Instituição, a Título Póstumo, no Salão Nobre da Câmara Municipal do Funchal, a 05-09-2008, pela ocasião da V Semana Europeia de Folclore), proprietário do então emblemático Restaurante “Jardim do Sol”, no sítio do Livramento, freguesia do Caniço.

A título de registo, o custo total da indumentária, instrumentos musicais, entre outros, aquando da sua criação, foi de 12.898$50 (doze mil oitocentos noventa e oito escudos, cinquenta centavos). Os 24 sócios-fundadores assumirão a responsabilidade do mesmo, o qual foi pago na totalidade com espetáculos de folclore no referido estabelecimento. (Livro Despesas Grupo Boa Nova, f. 1v).

No dia 24 de Julho de 1965 os elementos do grupo deslocaram-se à igreja de São Gonçalo – trajados a rigor – onde houve a simbólica cerimónia baptismal. (Livro Despesas Grupo Boa Nova, f. 1v).

Nos dias 25 e 26 do aludido mês realizaram-se duas pré-atuações nos Hotéis, Monte Carlo e Savoy respetivamente (Livro Despesas Grupo Boa Nova, f. 1v).
O grupo adulto atua oficialmente pela primeira vez a 15 de Agosto de 1965, no molhe da Pontinha, aquando da chegada de um grupo de excursionistas, provenientes do Arquipélago de Canárias, no navio “Funchal”.

A 5 de Setembro do mesmo ano é a vez do grupo infantil fazer a sua primeira aparição no Jardim Municipal (Livro Despesas Grupo Boa Nova, f. 2).

Imagem Histórica do grupo de folclore da boa nova.

Memorial Estatutário da Instituição:

O Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova foi fundado a 15 de Agosto de 1965 (data da 1ª atuação do grupo), sendo os seus Cofundadores: Luís da Paixão Fernandes, Zina Gonçalves Fernandes e Manuel Ferreira Pio.

Os Estatutos foram redigidos e apresentados à mais alta Entidade do Distrito do Funchal para a sua aprovação, a 20 de Julho de 1965, com as respetivas rúbricas e assinaturas dos fundadores.

No Capitulo I, está averbado o objetivo da Associação, conforme a documentação estatutária, do qual transcrevemos os 1.º e 2.º artigos (a razão da sua essência):

CAPITULO I

Denominação, Sede e fins

Artº. 2º – Sua finalidade é a de interpretar o folclore musical da Madeira, como sejam bailados, e canções tradicionais e regionais adentro dos aspectos folclórico e etnográfico, de modo a conservar, engradecer e valorizar o património artístico, cultural e recreativo da Madeira, tendo em atenção e cuidado a sua pureza regional, tradicional e histórica”.

Seguindo o processamento oficial, o Governo Civil enviou os respetivos estatutos em triplicado para o S.N.I. (Serviço Nacional de Informação), ficando inscrito no referido departamento em Novembro do referido ano (Jornal da Madeira, 27-03-65, 12). Posteriormente a documentação foi transitada para o Ministério Educação Nacional, para serem apreciados e aprovados. O mesmo aconteceu a 7 de Fevereiro de 1966, por decisão do departamento da Inspeção Superior do Ensino Particular e dando entrada ulteriormente no Governo Civil do Funchal, a 3 de Março do citado ano (ARM, DRAPL, GVFUN, cota 1710, n.º5, Letra D).

A 22 de Março de 1966, foi finalmente atribuído o Alvará, na pessoa do Governador do Distrito João I. Camacho de Freitas, Capitão – de – Mar – e – Guerra:

“hei por bem, no uso da faculdade que me é conferida pelo número oito do artigo 407º. do Código Administrativo e mais legislação aplicável, aprovar os estatutos do “Grupo Folclórico, Cultural e Recreativo Boa Nova”, os quais constam de quatro capítulos e treze artigos, escritos em cinco folhas de papel selado, que vão rubricados pelo Secretário do Governo do Distrito.

Dado, passado e selado no Governo do Distrito Autónomo do Funchal, aos 22 de Março de 1966”.

No dia 15 de Setembro de 1994 a Câmara Municipal do Funchal, como sinal de reconhecimento pelo trabalho realizado em prol da cultura regional, deliberou, por unanimidade, dar parecer favorável ao pedido de declaração de Utilidade Pública da Instituição, por Delegação do Presidente da Câmara, Miguel Filipe Machado Albuquerque.

A decisão de Instituição de Utilidade Pública por parte do Governo Regional da Madeira, foi auferida pela Resolução nº 905/94, de 29 de Setembro de 1994, no Conselho do Governo. Despacho Conjunto das Secretarias Regionais das Finanças e do Turismo e Cultura, José Paulo Baptista Fontes e João Carlos Nunes Abreu respetivamente, e, Publicado no JORAM a 7 de Outubro de 1994 (“I Série, nº 126, 2”).

Novamente por solicitação da Associação foi concedido o Estatuto de Superior Interesse Cultural ao Grupo Folclórico Cultural e Recreativo Boa Nova, a 9 de Dezembro do mesmo ano, Despacho Conjunto das Secretarias Regionais das Finanças e do Turismo e Cultura, José Paulo Baptista Fontes e João Carlos Nunes Abreu respectivamente e editado no JORAM a 11 de Janeiro de 1995 (“II Série, nº 8, 1”).

Entretanto, devido a desatualização da denominação da Instituição e a inerência dos estatutos com o antigo regime, foi apresentado e aprovado por unanimidade em Assembleia Geral, uma nova designação e a remodelação total dos estatutos, no dia 6 de Junho de 2005 (“Livro de Actas, 6 ”).

Nessa mesma Assembleia Geral, foram também aprovados: “ o quarto e quinto pontos, simultaneamente e por unanimidade, já que os mesmos se articulam e complementam. O quarto ponto: inserção na nossa Associação dos grupos “Danças das Espadas” e “Memórias do Nosso Povo” que já funcionam há alguns anos, mas que nunca foram reconhecidos em Assembleia; o quinto ponto: “a criação do grupo “Amigos do Roteiro Etnográfico das Carreiras” .

A 8 de Julho do mesmo ano, foi passada a Certidão no 4º Cartório Notarial do Funchal, a cargo do Notário, Ernesto Clemente dos Santos, o Grupo Folclórico, Cultural e Recreativo Boa Nova, passou a dominar-se: Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova (Certificado de Admissibilidade de Firma ou Denominação nº 453614) e com remodelação total dos estatutos (excetuando o Art.º 2º do anterior estatuto, já supracitado – atual Art.º 3.º, mas aumentado) – incluindo o Regulamento Interno, conforme o Art.º 14º – e publicado posteriormente no JORAM, no dia 28 de Junho de 2006 (“II Série, nº 124, 4-5”).