Fusos

Ficha Técnica

"Instrumento de madeira roliço, mais grosso num dos extremos. Vai adelgaçando gradualmente até a outra das pontas acabar em bico, com ou sem estria-espiral, onde passa o fio para formar a maçaroca. Existem três tipos de fusos: os torneados numa geringonça (torno a pedal) e estriado; o segundo executado à mão, imitando o anterior e por fim o rústico ou simples, feito também manualmente, sem ornatos e estria (no norte da ilha, no Concelho de Santana, só era conhecido este último que tanto servia para o linho como para a lã).

As fiadas eram feitas nas noites grandes. As fiandeiras juntavam-se em grupo, ponham a roca (já com o filamento) no lado esquerdo do cós da saia. Com o polegar e o indicador da mão esquerda, puxavam as fibras têxteis uniformemente da roca (quando surgia uma parte mais grossa, humedeciam e esticavam o fio, usando a saliva e com o auxílio dos dentes, até que o mesmo ficasse regular) e com o polegar e indicador da mão direita iam enrolado no fuso até formar uma maçaroca de fio. Posteriormente a fiadeira retira a maçaroca do fuso e coloca num recipiente (não ponham dentro de sacos, pois podiam enlear umas nas outras). Obtivemos duas formas distintas do resguardo das maçarocas, que fazemos questão de apresentar:

No primeiro caso, as maçarocas são colocadas uma por cima das outras, dentro de um recetáculo, até acabar a azáfama da fiadura ou então até ter maçarocas suficientes para fazer uma meada.

Na segunda situação, as maçarocas, são enfiadas num atilho, umas sobre as outras e no final da fiação amarra-se as pontas do cordel para mantê-las unidas e seguras."

 

FERNANDES, Danilo José,

As Ferramentas do Linho e da Lã – O ADN do Povoamento Rural da Madeira

Edição Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova, 2016

pp.64-65